Você sabia que o mel brasileiro é mais consumido lá fora do que aqui no Brasil? Por incrível que pareça, é verdade! Isso porque cerca de 60% da produção de mel do Brasil é exportada!
O mel brasileiro é um produto desejado por muitos países, que procuram no Brasil os fornecedores para esse produto. A ABEMEL representa hoje 80% dos exportadores de mel no Brasil, e tem como papel fundamental ajudar os exportadores a promover o mel e a própolis brasileira no exterior.
Atualmente, nosso maior cliente lá fora são os Estados Unidos. Para se ter uma ideia para onde vai o nosso mel, fazemos a seguinte analogia:
Se o Brasil produzisse apenas 100kgs de mel no ano, 36kgs seriam vendidos no Brasil e 64kgs seriam exportados; desses 64kgs exportados, 53kg seriam exportados à América do Norte (Estados Unidos e Canadá), 9kgs seriam exportados à Europa e 2kgs seriam exportados a outros países fora da Europa e América do Norte).
O comércio internacional, fruto direto da globalização, é um gerador direto de renda ao nosso mercado. Sem a exportação, mais de 60% da produção de mel do Brasil não teria para onde ir, e com isso, muitos de nós – apaixonados pela apicultura – não poderíamos contar com ela para nosso sustento.
Impressionante, não é? Agora todos sabemos que o Brasil precisa aumentar o consumo desse maravilhoso produto!
E como é a venda do mel lá fora? Bem, isso é outro desafio a todos aqueles que fazem exportação – seja de mel, própolis, ou qualquer outro produto. Primeiro, temos a dificuldade da concorrência. Depois, temos a dificuldade do dólar.
Você sabia que a China é o maior exportador de mel do mundo? E você sabia que o mel é cotado internacionalmente em dólar?
A China é grande produtor de mel, mas infelizmente com qualidade nem sempre boa. Qualidade menor é sinônimo de preço baixo, e isso é um desafio não só ao mel brasileiro, mas a todos os produtores de mel do Mundo. Com a crescente produção de mel chinês, os preços de mel no mercado internacional têm caído, dificultando a vida da nossa indústria (que inclui os exportadores e os produtores).
Outro aspecto difícil de se controlar é o dólar. Existe uma ilusão de vender em dólar é um grande benefício, mas nem sempre isso é verdade. O “risco cambial”, termo que arrepia qualquer exportador, é perigoso a qualquer negócio. Por exemplo, vamos imaginar que o Brasil tivesse que competir diretamente em preço com a China, que exporta ao preço de US$ 1,50/kg. Nessa situação, olhe só o que acontece quando o dólar varia:
Preço US$ | US$/R$ | Preço R$ | |
Mel | 1,50 | 5,50 | 8,20 |
Mel | 1,50 | 4,50 | 6,75 |
Ou seja, além do preço normal do mel, a variação da cotação do dólar é um grande complicador. Quanto mais alto é o dólar, melhor o nosso produto é vendido. Quanto mais baixo é o dólar, mais barato o nosso produto é vendido lá fora.
Portanto, a “variação cambial” tem impacto determinante no preço do nosso mel exportado, e torna-se um risco ao exportador. Um dos principais pesadelos dos exportadores é exatamente esse: imagine fazer uma venda de mel a US$ 1,50/kg, quando o dólar está R$ 5,50. Isso significa vender o mel a R$ 8,25. No entanto, são poucos os clientes que pagam à vista. No momento do recebimento do dinheiro, imagine se o dólar variar para R$ 4,90, por exemplo. Isso significa que o valor a receber não será os R$ 8,25, e sim apenas R$ 7,35. Ou seja, o exportador corre o risco de vender a R$ 8,25, mas de receber apenas R$ 7,35. É claro que esse risco ocorre dos dois lados. Entretanto, os exportadores buscam segurança, e compram o mel a ser exportado considerando o câmbio atual. Isso, por vezes, tem potencial para gerar inúmeros prejuízos.
Algo peculiar da indústria e do mercado de mel, de se orgulhar, é que do valor de venda de exportação, a maior parte é do apicultor, sem que ele corra necessariamente os riscos cambiais e comerciais do negócio. Isso faz com que tenhamos incentivos à produção e ao crescimento do setor apícola como um todo.
E você sabia que o preço internacional do mel não inclui apenas o mel?
Quando nossos clientes internacionais compram o nosso mel, o preço que eles pagam não é apenas pelo mel. O preço inclui, muitas vezes, outros serviços como: tambores novos, laudos técnicos internacionais, fretes, prazos de pagamento, entre outros;
Pois é, agora todos sabemos que a concorrência não é fácil… E você sabe quanto o consumidor lá fora paga no mel? Bem, essa é a pergunta que todos gostaríamos de saber e responder. Existem alguns estudos que indicam que o preço pago pelo consumidor é cerca de 8 a 10 vezes superior ao preço que o apicultor vende seu produto. Isso parece muito, mas na verdade não é.
Veja por onde o mel passa depois de sair do produtor e antes de chegar no consumidor internacional:
- O Mel é vendido a um entreposto exportador;
- Depois, é normalmente vendido a um envasador internacional. Nisso, o preço do mel inclui homogeneização, frete, laudos, entre outros;
- No envasador internacional, ele é envasado e revendido a distribuidores internacionais;
- Os distribuidores internacionais vendem aos supermercados. Para isso, fazem promoções, campanhas de venda, etc.
- Por fim, o mel chega nas mãos do consumidor! Ufa…!
Em toda essa trajetória, existem inúmeros custos de frete, perda, laudos, embalagens, rótulos, campanhas, etc., que fazem o preço do mel subir. Um laudo de qualidade para exportação pode superar o custo de R$ 1.500,00. Além disso, cada um dos intermediários tem sua margem de lucro, e tem seus custos operacionais – que vão além do preço do mel. Por exemplo, para achar um comprador internacional, os exportadores precisam visitar os países aonde existam compradores. E no mundo inteiro, acontece quase a mesma coisa: para cada venda de sucesso, é necessário visitar e conversar com inúmeras pessoas que nem sempre concretizam um negócio. Há quem aponte que apenas 1% a 2% dos contatos tornam-se venda. Logo, é necessário conversar com cerca de 100 contatos para realizar, por fim, um negócio. E, como todos sabem, isso acaba tendo um custo!
Agora que todos sabem um pouco mais sobre o que acontece com o nosso mel, para onde ele vai, e como funciona o preço dele, podemos valorizar mais toda a cadeia produtiva apícola. Como vimos, essa é uma cadeia toda entrelaçada e interdependente, na qual todos – produtores, exportadores, distribuidores, e principalmente, consumidores – tem extrema importância!
Informações das empresas associadas aptas a exportar podem ser obtidas diretamente no site da ABEMEL, através do link: www.brazilletsbee.com.br/lista-de-empresas.aspx
Para mais informações sobre dados estatísticos de mercado do mel brasileiro, a ABEMEL disponibiliza periodicamente informações de mercado:
https://www.brazilletsbee.com.br/dados-setoriais.aspx
Texto escrito por: Renato Azevedo